quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sem pseudônimos


Me chamo Carla Quadros, na verdade Carla de Carvalho Quadros, resumo porque tenho preguiça de escrever meu nome inteiro, não que não ache bonito, não que não tenha orgulho, pelo contrário, o “de Carvalho” vem de minha mãe, cujo tenho profunda admiração e adoração. Nasci no dia 18 de Novembro as dez da noite. De parto cesárea, minha irmã sempre pegou no meu pé fazendo analogia com o tamanho da minha cabeça e o estilo de parto sucedido. Nunca entendi direito, porque também abriram a barriga da minha mãe para tirarem ela, mas o fato da cabeça dela ser menor dava certa autoridade para caçoar de mim.

Sou escorpiana nata, quer dizer, nem sei se sou porque não ligo a mínima para esse lance de horóscopo, não sei meu ascendente, nem o bicho do meu horóscopo chinês. Mas quando me perguntam sobre meu signo sempre dizem “você deve ter o gênio forte, deve ser ciumenta e deve ser quente”. Assumo as três características, mas completo que sou bem mais que isso, um simples horóscopo, sou complexa. De fato os fatores astrológicos devem influenciar nas nossas vidas, não estou duvidando, nem fazendo pouco caso, simplesmente isso não me interessa. Dizem que ler horóscopo atrasado dá azar, deve ser por isso que minha vida às vezes parece andar pra trás. Às vezes caio em tentação e leio no banheiro, como passatempo, quando acabam todas as colunas e matérias interessantes ou não. Isso deve acontecer uma ou duas vezes no ano quando não estou devorando nenhum livro.

Quando pequena fui atropelada, duas vezes, não no mesmo dia por dois veículos diferentes, mas em dias diferentes por um mesmo veículo, um automóvel. Ou seriam dois automóveis? Na primeira vez tinha 5 anos, magrela, hiperativa, fui pega na calçada de casa quando brincava com uma de minhas primas. Na segunda com 11 anos, pouco menos magrela, nem menos cabeçuda, e bem mais rebelde, dizem que me joguei na frente do carro, eu sinceramente não lembro como foi, mas lembro exatamente de ver a pouca vida passar diante dos meus olhos, aquilo que dizem que acontece quando partimos dessa vida. Nesta última fiquei cega por duas horas. Minha mãe deve ter orado muito porque me recuperei rapidamente, dos males o menor.
Falando de partida não tenho uma religião definida, respeito às pessoas e suas crenças, mas abomino entidades, seitas. Minha mãe é espírita e diz que eu deveria ser, diz que minha luz e sensibilidade são maiores que as das minhas irmãs (não que isso seja melhor, afinal ela sempre soube nos educar mostrando que nos ama em igualdade), mas que eu deveria adotar o espiritismo para combater meus problemas interiores.
Eu sinceramente não sei. Prefiro rezar do meu jeito, até porque não sei rezar de outro jeito porque matava a catequese, nunca decorei um pai nosso, muito menos uma ave maria. Mas agradeço a Deus todos os dias por me fazer acordar e por me ajudar a dormir.

Passei minha infância brincando de correr pelas ruas, de dançar pelas salas, e vice e versa, de dançar, de correr, em qualquer lugar, porque todo lugar é lugar para quando se tem vontade e respeito. Pela dança entrei na universidade, seria uma ótima professora de dança se a dança, ou as pessoas da dança não fossem tão enjoadas, tudo bem que me dava postura, e deixava meu corpo bonito, mas o que é um corpo enrijecido perto de uma cabeça vaga?

Dentro da universidade descobri o auto-conhecimento e o descontrole, terminei meu namoro de 3 anos porque descobri que não o amava só gostava da proteção que meu quase noivo me dava, descobri também que não era tão boa dançarina quanto achava ser, que as pessoas não eram tão saradas como deveriam cursando educação física.
Conheci amizade verdadeira para além de 4 anos de curso. Tomei meu primeiro porre, vomitei na pia da casa de um colega e vi minha melhor amiga desentupir a pia por amor a mim. Descobri que meu pai não era tão herói.
Aprendi a me arrumar e me vestir melhor (ah! Algumas pessoas não acham, mas eu acho que evolui fashionmente, rs). Me dei conta que eu era bonita do meu jeito diferente de ser. Dizem que a beleza não é fundamental, que o que importa é a beleza interior, acho que quem inventou isso foi um bonito que nunca ficou na pele de um feio para sentir o drama de nunca ganhar um beijo na salada mista.
A trilha sonora da minha vida começa com “C”, Cartola, Clara Nunes, Cazuza, Chico Buarque. Samba, rock, Bossa nova. Ou seria MPB? Sei lá...

Filmes, gosto de muitos, lembro de poucos, não que não tenham sido importantes, mas porque minha cabeça realmente não os memoriza, não sei o que acontece comigo, troco nomes, atores, diretores. Vejo uma, duas, três, quatro vezes, em todas rio, choro, me surpreendo, como se tivesse visto pela primeira vez e não soubesse o final. Por isso se algum dia quiser me indicar um filme e compulsivamente não agüentar para contar o final, não se preocupe, eu provavelmente esquecerei, chorarei como se nunca tivesse sabido.

Durante muito tempo não gostei dos meus cabelos, achava-os grossos demais, e disformes. Não gostava também da minha boca, cujo segundo acidente que falei a entortou. Gostava dos meus olhos e da forma puxadinha que faz quando sorrio. Engraçado ninguém nunca elogiou meus olhos. Hoje me olho no espelho e gosto do que vejo, exceto na semana que antecede meu período menstrual.

Hoje com 24 anos, sou vegetariana, porque não posso suportar as atrocidades que nós seres “humanos”, fazemos com os outros seres que aqui habitam esse mundo. Nos divertimos a custas deles, os torturamos, e nos alimentamos com seu sofrimento, com que direito? Porque possuímos um telencéfalo altamente desenvolvido e um polegar opositor? Você pode estar aí dizendo “existe coisa pior”, existe mesmo, fechar os olhos é bem pior, por isso faço minha parte. Não mato bicho algum. Por mim ser algum jamais vai dar a vida. Pelo menos não diretamente.

Ah! Ando apaixonada, uma mistura de loucura, com felicidade. Me apaixonei antes de conhecer e quando conheci morri de amor. Ele tem tudo que eu admiro e não tenho: responsabilidade, organização e ponderação. E mais um monte de coisa que temos em comum, modéstia parte: inteligência, fragilidade, sensualidade, tesão, cheiro bom. Só tem um único problema, mora a muitos kilometros de mim. Ando pensando em casar, assim de branco, com benção de Deus, das nossas famílias, talvez numa praia, ou num sítio. Acho que os pés têm que estar descalços para sentir a energia do chão, sendo areia ou grama. Nossos convidados têm que estar dispostos em círculo para que a energia flua, e para que eu possa ver o rosto de todos, sem que os mais altos não fiquem na frente dos mais baixos. Ele me prometeu que não precisarei lavar a louça todos os dias, nem fazer comida em todas as refeições, disse também que não se incomoda de tirar aquela sujeirinha da pia que fica quando se lava louça. Primeiro decidimos ter um cachorro, para depois filhos.

Não me canso de falar de mim. Também ninguém melhor para me descrever e me entender, mas tem horas que nem eu mesmo me compreendo, tem horas que queria ser menos impulsiva, compulsiva, anciosa. Tem horas que gostaria de falar menos também. Como agora, era só para escrever um breve perfil acabei contando o que não lembrava, e queria e que provavelmente esquecerei quando fizer logout.

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