quarta-feira, 7 de maio de 2008

Devolva minha tristeza

O que está acontecendo comigo ultimamente? Crises existenciais, noites em claro. Estou assustada, passei o dia inteiro procurando um remédio para tais sintomas, medo, insegurança, frio na barriga, ciúme, saudade. Deveria existir uma pílula (odeio remédio de gotinhas, não suporto o gosto ruim que fica na boca). Um comprimido que nos deixasse livre de toda essa angústia. Custe o que custasse valeria cada centavo. Pagaria qualquer quantia para me ver livre do sofrimento que me causas.
Acho que não gosto da felicidade, odeio estar feliz, fico procurando coisas para ficar triste, cutucando feridas, fazendo joguinhos infantis. O estar feliz me assusta, me consome, porque toda felicidade esconde a pessoa que sempre fui. Me olho no espelho e não me reconheço. Vejo você, e é por você que acordo. Por você que durmo. O que procurar agora? Sinto que te odeio. Parece que a vida não tem mais sentido, porque sempre procurei a felicidade e agora que encontrei não sei o que será de mim. Não sei administrá-la. Sempre fui assim, comprava um livro e lia em três dias, sem pensar nos próximos, um drops de bala também, era devorado em poucos minutos.
Perdi minha identidade, perdi minha metade, porque uma metade era eu, a outra você, só não sabia que você era você. Agora sou toda você e eu o odeio por isso. Odeio o que fez com minha vida, odeio o fato de seres perfeito. Sempre fala a coisa certa na hora certa, ao contrário de mim que sempre gaguejo, choro e termino tudo pedindo desculpas. Acabaram-se minhas argumentações. Você mostra um caminho bonito e simples, eu procuro o escuro e lodoso.
Tenho um homem lindo e estou planejando sufocá-lo com minhas inseguranças. Quero que ele perceba o quanto sou chata, louca, ciumenta. Quero que ele enjoe do meu romantismo, da minha perversão, da minha inconstância. Quero que ele sinta o fardo do meu peso em ser tão medrosa e neurótica. Não sei por qual razão, mas a felicidade me escraviza, me paralisa. A felicidade me deixa triste. Você me roubou de mim mesma, ando tão ciumenta que estou com ciúmes de mim.
Você transformou meu mundo em limpo, verdadeiro e eterno. E esse mundo é tão novo pra mim, que eu te odeio. Porque sinto medo de me perder. Ando cansada de precisar de você o tempo todo para me telefonar e dizer que está tudo bem.
Odeio a felicidade, porque se ela acabar, não sei mais se consigo voltar pra casa. Não sei o que será de mim. Sinto saudades da tristeza que vivia antes de ter te conhecido. Era eu, entende? Sozinha, incrédula. Era eu, no meu mundo infeliz, mas conhecido.
Vivo com ciúmes do seu silêncio, porque tenho medo do quanto ele te consome. Sinto ciúmes do seu sono, da sua fome, porque eles te levam do meu foco.
Estou te odiando muito, duvidando de você, tudo isso porque não sei viver no teu mundo, não sei lidar com tua doçura, com a felicidade que me proporcionas. Estou fazendo isso porque sei que és persistente. Todas essas súplicas para que você desista de mim, é um jeito maluco de pedir que você não desista nunca. Por favor, não me devolva a insignificância. Ensina-me a olhar o mundo com teus doces olhos.

2 comentários:

n disse...

Um complexo paradoxo! Altamente humana. Eu poderia dizer possessiva, mas é que na verdade você percebe o teu próprio mundo(por mais que diga que não o entenda) além do que outras pessoas entenderiam. Parabéns pelas idéias. Abraços!

n disse...

A tua casca é diferente da que desprezo. A tua representa proteção, cuida do que você quer só pra você, do que você valoriza. A tua casca não me esconde o teu jeito de ser. Quem souber, pode, mesmo através dela, te enxergar, mas talvez não saber por completo o que te atinge, ou como busca teu prazer. O outro tipo de casca é uma roupagem de falsidade por si só, protege sim, mas sustenta algo que a pessoa não é de verdade.
Você sabe do que estou falando.
Ainda não li todos os teus textos, mas prometo que os lerei e quem sabe te entenderem melhor, sem quebrar a casca. Abração! Obrigado pelo elogio aos meus poemas!