quinta-feira, 22 de maio de 2008

Só de mim basta eu

Acordei extremamente egoísta, meio autista. Sem vontade de agradar quem quer que seja. Se só eu existisse no mundo, eu realmente me bastaria. Sei que muitas pessoas gostam de mim e adorariam minha companhia nesta noite. Algumas até me amam, eu só amo umas poucas e desculpe assumir, mas hoje, não preciso delas.
Hoje não estou com a mínima vontade de sentar e cruzar as pernas, pouco me interessa se tenho bons modos ou não. Pouco me importa se mulher deve sentar assim.
Caso você insista em ficar aí sem minha permissão vou avisando: Hoje não quero cruzar minhas pernas, quero falar alto, falar palavrão, dar gargalhadas e gesticular, porque não dou à mínima se as pessoas pensarem que sou escandalosa e do tipo de mulher que não serve para casar.
Hoje quero colocar meu pijama GG, ouvir Chet Baker, acreditando que ele toca “My Funny Valentine” só para mim.
Não quero atender telefonemas inconvenientes, odiarei responder mensagens do tipo “o que vai fazer hoje?”, mas caso aconteça tenho a resposta na ponta da língua: vou me amar.
Não quero secar os cabelos com secador azucrinando meus ouvidos, estou pouco me lixando se parecerei um dos integrantes do Jackson Five ao acordar amanhã.
Não quero ir onde minhas amigas querem que eu vá, não quero agir como minha família quer que eu aja, quero cortar meu cabelo mesmo que meu namorado desaprove por acreditar que não me cai bem. Quero fazer o contrário do que todos querem que eu faça, não que ache que eles não têm razão, mas porque hoje realmente não quero querer o que as outras pessoas querem. Minha simpatia broxou sem esperanças de viagra, estou chata e egoísta. Só consigo pensar em mim. Primeiro eu, segundo eu, na terceira chance quem sabe eu possa desistir de mim mesma, porque muitas vezes enjôo das coisas sem qualquer explicação.
Quero comer um pacote de batata frita só para provocar quem acha que eu devo voltar a correr para diminuir minhas coxas grossas. Não quero mais malhar duas horas por dia, não quero mais ser uma ótima dançarina, quero aprender violão porque todos acham que eu vou desistir.
Queria um tapete mágico, como do Aladim, seria perfeito. Fugir do trânsito, conhecer todos os lugares do mundo, sem pedágio, imposto, combustível, sem cobrança. Se eu tivesse um tapete do Aladim, com certeza sairia na véspera do feriado. Iria com meu pijama desbotado, meus cabelos secariam no vento. Entraria nas nuvens, veria de cima a cidade toda iluminada deitada sobre meu tapete. Feliz era o Aladim que tinha o tapete e ainda encontrou o gênio para solucionar seus problemas. Ainda bem que tenho a mim, Chet e batatas fritas.

2 comentários:

n disse...

Olá Carla, está virando um vício vir aqui ler o que você escreve.

Penso da seguinte forma: Todos somos egoístas, e aprendemos desde tempos mais remotos, que para viver em sociedade não podemos demonstrar isso, até porque seria suicídio, não vivemos só, nos complementamos a cada instante com o que nos falta e o que está presente em outras pessoas. Quando demonstramos fielmente esse nosso interior, que nada mais é do que uma defesa pela sobrevivência com prazer sem dor, automaticamente somos vistos de uma forma mais severa. O fato é, ninguém se importará com o teu egoísmo, desde que ele não seja dito, e desde que você esteja em uma situação inferior a de outra pessoa, pois assim, haverá uma certa aceitação. Você consegue liberar os teus sentimentos mais íntimos, que às vezes, me parece bem guardados de outras pessoas, de uma forma tão real, que posso sentir o que sente. Enquanto o teu egoísmo ou falta de humildade não atingir uma segunda pessoa e apenas se restringir a vontade que tem de sentir teus próprios sentimentos sozinha, então você estará sendo apenas humana. Parabéns por conseguir expor algo tão complexo assim de uma forma tão simples.
A propósito, a foto do teu perfil não é tua é? Queria saber qual o desenho da tatuagem que tah no ombro. Abraços!

n disse...

Também tenho uma tatuagem. Momento marcante da vida...

Já devem ter falado que você deveria fazer psicologia... Talvez não para clinicar, mas para refinar ainda mais esta percepção tão sublime que você tem de certos sentimentos. Continue escrevendo que eu continuarei lendo com muito prazer e atenção. Abraços!