sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Por amor...


Minha vida anda mudando com a velocidade dos dias, das horas, cada minuto uma nova sensação, situação, responsabilidade, uma nova decisão.Talvez essa seja a principal escolha de uma vida, o momento mais importante, marcante. O fim de mais um ciclo, o começo de mais um. A nova chance, a nova vida, a nova Carla. Nada em nós parece o mesmo, nem nossas células permanecem as mesmas, se revigoram..
Confesso que está sendo difícil, tudo que sempre quis estava acontecendo num ritmo mais acelerado do que esperava, eram as minhas conquistas. Menos você, você continuava distante e depois eu fiquei mais distante do que os kilômentros. Estou com medo do meu tempo, do meu silêncio, de me sentir invadida, tenho medo de perder meu egoísmo porque ele faz parte da minha identidade. Não são só escovas de dentes que estamos juntando, são vidas, diferenças. Prefiro pensar que ao invés de dividir resolvemos acrescentar, uma pessoa à mesa, uma pessoa à cama, uma pessoa ao lado diariamente.
Definitivamente precisávamos disso, precisávamos abrir mão de alguns sonhos, porque sonhos são mais fortes quando sonhados juntos, e eu resolvi sonhar com você. Sentirei saudade de todos, da minha família, das minhas amigas, da "minha praia". Acho que a praia resume muito minha vida, lembra minha infância. A areia, o mar, o sol se pondo ou nascendo (ou raiando intensamente). O barulho do mar, os animais que ali vivem, as formas minerais, os seres humanos pensando, ouvindo suas músicas e tomando suas águas de côco. A reação da pele, que fica vermelha, dourada ou marrom. Os caranguejos...Os passarinhos... Vou abrir mão de tudo isso por você, vou abrir mão de tudo isso principalmente por nós. Eu te amo, meu amigo, minha futura família, minha praia...

domingo, 19 de outubro de 2008

Um brinde a independência

Um amigo me disse esses dias, "estava sem nada para fazer, sentei minha bunda no computador, li meus emails, vi a porcaria do orkut, li algumas notícias e fui ver se tinhas atualizado a merda do teu blog". Junto com a merda ele disse "teu último texto era tão chato, que não li duas linhas". Porque diabos ele queria ler algo que ele julgava uma merda chata? Cheguei a conclusão que as pessoas gostam do sofrimento alheio para sentir superioridade das suas vidas medíocres, superficiais e repletas de futilidades. O fato de você ser mais sensível que as outras pessoas lhes dá abertura para chamarem de idiota. Como se você escutasse tudo e sorrisse sutilmente para disfarçar a ânsia de nojo. Mal sabem elas que minhas críticas mentais são mais importantes para o meu mundo. Porque foda-se o que você pessoa insensível pensa sobre mim. Foda-se! “Clarice” me entenderia, e pra mim isso me basta. Mas dando uma olhada nos meus antigos textos notei como minha vida mudou nos últimos tempos, falando em tempo, ele decidiu transformar os segundos em notas de reais. Sou uma nova pessoa, ou uma pessoa nova, que ainda não sabe se está do lado dos medíocres hipócritas ou do lado dos sensíveis depressivos. Tudo que sempre sonhei aconteceu, estou morando "sozinha", faço minha comida, lavo a minha roupa, limpo a "minha" casa. Estou sozinha, sozinha. Chego em casa e dou boa noite aos travesseiros e aos poucos bichos de pelúcia que me acompanharam. Não sofro mais de problemas financeiros, sou uma profissional que ganha por aquilo que merece. Mas porque diabos não me sinto feliz? Lembrei do velho ditado, dinheiro não traz felicidade. Tenho dinheiro e não tenho com quem gastar, porque meus amigos estão no passado que julgava ser fracassado, porque contávamos os reais para rachar a conta e a gasolina. Você nunca está feliz com o que tem, o ser humano é passivo de ser infeliz, não existe conto de fadas, não existe final feliz, existe o momento feliz na exata hora que ele acontece, o momento triste que depois vira piada e se torna um momento feliz, e o para sempre momento triste, esse realmente notamos na hora, depois nossos cérebros, ou seriam corações? Fazem questão de esquecer. Estão acontecendo coisas diferentes comigo, sempre achei que não conseguiria sobreviver sem um rádio, sem uma tv e sem internet. Estou sobrevivendo, ou melhor, descobri que posso viver até melhor sem eles. Fugi da papagaiada política, da voz do Brasil, dos seqüestros e assaltos, das novelas. Sinto falta dos filmes, somente dos filmes. Descobri que não conseguiria viver sem microondas, e eu nunca tinha notado a importância dele em minha vida. Talvez porque tinha tempo e a minha comida quentinha em cima da mesa.
Vou comprar um carro, a chuva andou me atormentando nos últimos dias em que minha meia ficou molhada dias inteiros. Vou ter um carro e ele pode até ser cabine dupla porque não tenho companhia. Vou colocar silicone, porque estou cansada da falta que faz ter peito grande quando tiro os enchimentos. O mundo me comprou, estou usando uniforme azul marinho e feliz, porque ele agora me dá um bom retorno financeiro.
Minha mãe me disse que meu cachorro está tomando antidepressivo e eu só penso em substituí-lo por outro para não precisar me encher deles também.
Meu namorado estava mais perto antes, tínhamos o computador que nos unia, agora tenho contas de telefone gigantescas, mas foda-se porque é meu único gasto ultimamente. Falando em namorado ele me pediu em casamento há tempos atrás, e agora eu o pedi, e de certa forma nenhum dos dois aceitou. Como uma música nada romântica. Cada um no seu quadrado foi o que a vida decidiu por nós, ou nós decidimos para vida. No fim do ano passaremos dias juntos, estamos programando as horas, quer dizer eu estou sempre programando e ele sempre reclamando do pouco tempo, mas porque ele não me ajuda a programar? Não sei, Não sei...
Sinto falta da minha mãe e do beijo que ela me dava quando chegava em casa. Sinto falta das brigas por não limpar a casa, ela sentiria orgulho de mim em chegar à minha casa e ver a limpeza no chão, nas pias e no banheiro. Sentiria pena se visse a sujeira no meu coração. Virei gente grande, tenho um bom trabalho, boas revistas, boas toalhas e lençóis novos. Sou dona do meu nariz, não dou satisfações, sou dona da independência que criei. E dona da solidão que sustento. Não tenho nada, nem ninguém.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

"Chega de saudade"



Faz alguns segundos que você se foi, e tudo acabou da
exata forma que começou: Rápido, sem muitas enrrolações. Nem por isso foi menos sofrido, sentido, minhas lágrimas inundam o teclado, minhas mãos tremem digitando em busca de alívio.
Até para terminar você consegue ser correto, carinhoso, sincero. Queria enfiar minha cabeça entre as pernas e cantarolar cantigas de quando era criança. Era assim que fazia quando queria que algo passasse logo. Quando meus pais brigavam, eu me trancava no banheiro, com a cabeça entre as pernas e mãos no ouvido, cantava baixinho para não escutar os gritos desrespeitosos que ardiam meu peito e olhos. Quem dera desse certo agora.
Sinto segundos desejáveis de suicídio, vontade de pular de cima de uma montanha com o dedo desejando um último foda-se ao mundo. Nem que fosse para fazer barulho e sujar o chão dos equilibrados. Nem que fosse para fazer falta a poucas pessoas. Olhos inchados, boca cheia, coração apertando o peito, língua encharcada, a vida latejando e o corpo pesado demais para voar.
Dessa vez achei que o amor perduraria para sempre, cheguei a acreditar que casaríamos e teríamos nossa casa de tijolinhos com cerquinha branca. Você foi meu futuro marido, gostei de imaginá-lo. Meu macho de ombros largos de proteção e abraço eterno. Mãos grandes que serviram para tudo: desde atravessar a rua segura até sentir prazer sem medo das horas.
Contado dessa forma parece bem que a culpa foi sua em ter abandonado nossos sonhos, mas respeite e perdoe minha indelicadeza, às vezes gosto de me fazer de vítima, gosto do abraço que me oferecem quando fazem mal a mim, estou fugindo de olhares censurosos por isso fica mais fácil te culpar.
Ando falsa, fazida, estúpida. Quer saber? Bem que você fez, em tirar-me da sua vida. Mais cedo ou mais tarde iriam começar aparecer meus defeitos. E pode acreditar, sou cheia deles. Estou de saco cheio de me agüentar, e eu ao menos posso terminar comigo. Ou posso? Estou até a borda de mim. Entupida de tudo o que passiva em ser, apenas sou. Sou um trapo sujo que lavo e contorço todos os segundos, mas não o tanto que deveria por falta de força, preguiça e do maldito medo.
Está um escuro total, todos estão dormindo, e eu estou mais sozinha do que nunca, estou deitada sem o menor sono. Respiro fundo com a cara enfiada no travesseiro tentando encontrar um resto da nossa esperança. Por alguns segundos penso em ficar assim: com a cara enfiada sem encarar a vida e sem respirar por muito tempo. Nada é claro e esperar o dia amanhecer não vai adiantar.
Seu sorriso separado há meses do meu existe apenas em saudade e imaginação. Eu sinto um pesar de morte sobre os olhos e sempre escapa uma lágrima tentando acalmar a secura do peito. Sinto covardia lúcida ao olhar minhas pernas que não correm mais ao seu encontro. O fato é que nunca viveremos o desgaste e para sempre viveremos com a falsa impressão da perfeição, o que dói ainda mais.
Gosta de comer devagar, partindo os pedacinhos microscopicamente como se saboreasse o mundo. E gosta muito, entre outras coisas, de me comer. E me come o dia inteiro. E quando ele não me come é porque precisa respeitar minhas dores e alergias, então faz carinhos em meu cabelo. Gosta de livros logosóficos, de um bom vinho ou de uma cerveja bem gelada. Gosta também de varanda, de deitar na rede e ver a tarde se indo, sentindo o cheiro da brisa que bate o rosto.
Eu o invejo. Sempre contente com as pequenas coisas, ao contrário de mim, sempre buscando mais e mais, sempre confusa, perdida, deprimida. Quis sugar sua vida, e me perdi. Incapaz de me sentir por medo de ser inteira.
Tinha muito medo que as pessoas sem profundidade conhecessem a minha, e mais medo ainda de que a profundidade do mundo me cuspisse. Engraçado, agora temo a sua profundidade e minha superficialidade.
Duas vezes eu quase morri de saudades de você. Uma quando eu vi Closer e lembrei que o amor, como deveria, não existe. E agora quando escuto sem cansar “Chega de saudade” e lembro que você era um pedaço charmoso de tudo o que o mundo e a vida têm de mais charmoso. Dói pensar ou aceitar que esse pedaço não existe mais. Morremos, enterramos nossos sonhos, e eu choro de luto sem teatro, de luto de planos, promessas, de resto de luto do amor que ainda tenho. Acabaram-se os três pontinhos, demos o ponto final com a dureza e a clareza do fim de uma história sem final feliz.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Por que se vive?


Fazia muito tempo que eu não questionava o porquê da minha existência. Acho que a última vez foi quando descobri que o cara que eu achava ser o homem da minha vida, era uma bosta de um cara. Na verdade a penúltima vez também foi por decepção, descobri que meu pai não era nenhum herói, e eu não era a princesinha importante que ele dizia. Há pouco tempo voltei a me questionar por qual motivo estou nesse mundo. Dessa vez não foi por nenhuma decepção com alguém importante, mas porque minha cabeça anda um turbilhão de incertezas, inseguranças. Fiquei um dia todo me perguntando "Por que se vive? Para que vivemos?". Então resolvi fazer a pergunta para alguns amigos que tive contato no dia em que inúmeros questionamentos atortoavam minha mente.


Afinal: POR QUE SE VIVE?


Eis as respostas:


3 pessoas = Porque comemos, respiramos e bebemos água. (Marcos Viudes, Deysi Quadros, Paulo Lucena)
2 pessoas = Para cumprir uma missão na terra (Daniel Portelli, Natália Menegazzo)

2 pessoas = Para encontrar a felicidade (Thiago Retamero e Carolina Alvares)

2 pessoas = Vivo por minha família (Simone Losso e Dilce Coide)

1 pessoa = Para procriação (Luciano Rockett)

1 pessoa =Para trabalhar, pagar as contas e trepar (Junior Correa)

1 pessoa = Para trepar (Felipe da Silva)

1 pessoa= Para se aproximar de Deus (Rodrigo JB)

1 pessoa = Para te amar e ser ignorado (Iramar Jorge)

1 pessoa = Para aprender e evoluir (Rafaela Pereira)

1 pessoa = Para comer e peidar feijão (Emanuella Mello)

1 pessoa = Porque nos foi imposto, somente a natureza saberia explicar (Helano Scoss)

1 pessoa = Para viver e eternizar momentos (Antonio Coelho)

1 pessoa = Para se divertir (Raquel Mussatto)

Quando eu era criança achava que tinha nascido para virar gente grande, acreditava que quando virasse adulta todos os meus problemas se solucionariam, eu teria liberdade, dinheiro, votaria, enfim feliz para sempre. Engraçado, hoje gente grande, ainda espero que o tempo passe para responder minhas perguntas, minhas dúvidas. Meus pais me impuseram tal condição e eu tive que aceitar. Minha mãe inúmeras vezes disse que eu nasci de um acidente. Bom se nem ela queria, e se eu também não podia dizer o queria, porque estou aqui? Caralho! meus pais só queriam trepar e eu aqui estou pagando o pato. Literalmente me fudendo pela fudida deles. Eu nasci para usar franjinhas, rendinhas, cruzar as pernas e não falar palavrão. Me deram muitos brinquedos para me distrair, e muitas broncas para ter bons modos. O máximo que eu podia fazer era brincar com meus presentes sem sujar a roupa, sem correr e sem gritar. Seguir respirando, acordando, escovando os dentes após as refeições, e indo ao banheiro após comer uva passa.

Mais tarde, quando virei adolescente eu vivia por desobedecer minha mãe, desafiar meu pai, mentir para minhas amigas que tirava péssimas notas, quando na verdade era uma das melhores da turma, mas não era bonito ser CDF, com certeza não era cool. Nessa época vivi por Chico Buarque. A única coisa que podia ser, era viver pra sentir o coração disparar quando ouvia Chico cantar, e parecia que era para mim, sempre era. Só podia ser isso! Ou se vive pra estudar matemática? Física? Comer legumes?

Tempos mais tarde me apaixonei por Che Guevara e seu movimento revolucionário, passei a ler Machado de Assis encantada com Dom Casmurro. Foi aí que me dei conta que eu vivia para ser alguém na vida, assim como as pessoas que eu admirava. Descobri que estudar mais importante que ser bonito era preciso, queria entrar numa universidade pública e arrumar um emprego. Nesse tempo eu quis 549 cursos, os quais desencantei 549 vezes. E nesse tempo todo fui vários “alguém” e nenhum alguém 549 vezes. Porque ser alguém não tem nada a ver com essa vontade desesperada de ser alguém. E continuei sem saber afinal para o que se vive. Porque a faculdade e o deslumbre com os primeiros dias de trabalho são espaços curtos demais para uma vida inteira. Não se vive exclusivamente para pagar as contas no final do mês e ficar feliz em um final de dia de trabalho. Não se vive pra pegar uma lotação as 22 horas e torcer para ter lembrado de ter comprado pão integral antes de ir trabalhar, porque depois das dez tudo está fechado. Não se vive para ter uma chefe que tira uma vírgula sua e coloca em outro lugar só pra mostrar que é sua chefe. Definitivamente não se vive pra isso.

Será que para salvar as criancinhas, o planeta, os animaizinhos, os aposentados, as árvores, as praias, as formigas? Ou seria para voltar a ser o que era antes, a rebelde sem causa, dividida pelo amor de Chico e Che? Não, não se vive pra mudar o mundo, o bairro, meu quarto, que nem é somente meu. Porque a gente não muda nem o jeito de escovar os dentes. Essa é a verdade.

Foi aí que achei que vivemos para nos divertir, fazer o que gostamos e ponto final. Como se fosse uma missão para a qual Deus nos enviou. Mas como saber qual seria a minha missão? Qual o meu dom? Ler? Dançar? Falar mal dos outros? Listei as coisas que mais gosto de fazer e pensei: “eu vivo para isso!”. Comecei então a fazer exatamente essas coisas, mas vi que não tinha graça nenhuma dançar sem par, escrever para que ninguém lesse, ver comédia e rir sozinha. Nada tinha graça, viver sozinho não tinha graça.

Aí descobri que se vive para as pessoas. Se você tem dez pessoas de quem gosta muito, taí um motivo para se viver. E eu gostava mais ou menos disso: de dez pessoas. E vivia para isso. Para no final de semana tomar cerveja com uma dessas pessoas e brindar o mistério que é não saber pra que se vive. E eu e minhas dez pessoas viveríamos bem até a eternidade... Mas não foi isso que aconteceu, o para sempre não existe, as pessoas mudam, casam, vão morar longe, resolvem te achar sem graça e você começa a não ver mais graça na compania delas, resolvem não beber mais cerveja porque estão mais velhas e porque cerveja dá barriga. Infelizmente não se vive para as pessoas.

Foi então que cheguei a pensar que talvez se viva para dormir. Passei a desligar o telefone pelas manhãs. Colocamos Blackout nas janelas. Meu lema era dormir, dormir, dormir. Para nunca mais pensar pra que se vive. E quem disse que dá certo? Eu sonhava toda noite que percorria o mundo atrás da mesma pergunta. E sonhava com escritores sábios, meus coleguinhas do primário, meus ex namorados, meu avô, um boi morto, sonhava que tava caindo do precipício, com a novela das oito, sei lá. Eu percorria o mundo atrás da resposta. E acordava cansada e com mais sono. Descobri que dormir não resolveria meu problema.

Coloquei na cabeça que nascemos pra gerar vida! Eu provavelmente saberia o porquê da minha existência quando fosse mãe. A idéia começou a me assustar quando vi que não tinha suporte financeiro para tal vontade, e dias mais tarde vi que nem suporte psicológico eu tinha. Eu deveria estar maluca quando quis ter um bebê sendo tão imatura. Não, não se vive para ser mãe. E segui procurando.

Talvez se viva para viajar, ter um grande amor, plantar uma árvore, ver suas melhores amigas casarem ou descasarem, para ser madrinha, para ver seus ídolos da infância falecerem. Tudo isso? Nada disso? E segui procurando. Então pra que? Pra quem? Por que? Por que acordo todos os dias? Vivemos para amar quem com certeza um dia irá nos magoar? Vivemos para ganhar dinheiro para adquirir coisas que sempre, mas sempre quebram, estragam e acabam? Vivemos para rezar, pedir paz, e a paz logo vai embora, tudo vai embora, todos vão embora. Se tudo acaba, alguém pode me explicar para que diabos se vive?

Acho que se vive para simplesmente se viver...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Cedo demais para chorar


Não era nem 6:30 e meus olhos já estavam abertos, dessa vez queria que fosse diferente, queria aproveitar os últimos minutos ao teu lado, em silêncio, queria gravar todos os detalhes do teu corpo, todos os traços do seu rosto. Minha barriga doía de nervoso, tristeza, saudade antecipada. Seus olhos cerrados, o rosto sereno, como uma criança que dorme sem as preocupações da vida. Cheirei seu pescoço, deitei sobre seu peito. Não queria chorar, era cedo demais. Naquele momento pedi que o tempo parasse, ou que Deus me devolvesse mais um dia. Mas ele não atendeu meu pedido, talvez não pudesse.
Naquele almoço eu poderia ter comido mais devagar e ter conversado mais, naquele jantar poderia ter comido menos e mais depressa, poderia ter bebido mais também, ter te acompanhado nas tuas loucuras, dormido menos. Ter te dado beijos mais duradouros, ter trepado até amanhecer.
Droga de tempo que não volta! Droga de hora que passava rápido demais. Nada adiantava, eu estava lá de novo, prestes a partir, mais uma vez engasgada até onde se pode sentir falta de ar. Engasgada de ir embora, engasgada de você nunca voltar. Engasgada de você sempre sorrir, sempre fazer a coisa sensata, correta e educada. Engasgada de te amar.
Minutos mais tarde já escutava a vaca da vizinha de cima com seu mesmo salto alto das 7 da manhã, desfilando sob nossas cabeças.
Seus braços me abraçaram levemente com sua deliciosa preguiça matinal, tua mão acarinhou meus cabelos e teu semblante despreocupado deu lugar a testa franzida. Nos olhamos, como uma promessa de que a vida não vai acabar antes que acordemos sempre juntos. E com a certeza que para sempre vamos nos amar mesmo com o desgaste das olheiras e remelas. Respirei aliviada e mesmo distante de Deus eu senti que ele nos abençoa.
Queria ter agradecido os quatro dias maravilhosos que me proporcionasses, queria ter dito que não queria partir, mas não consegui dizer nada, sentia minha garganta embolar e meus olhos arderem. Não queria chorar era cedo demais... Ainda bem que não preciso falar, ainda bem que você me entende com teus olhos, me acalma com teus braços. E fala tudo que tem para ser dito por nós.
Dói demais toda vez que vou embora. Quanto tempo vou ficar sem teu sorriso? Sorriso de menino levado, boca entreaberta, língua entre os dentes. Quando você sorri, doce, imagino meus filhos. Exatamente com a mesma ironia pura estampada na cara: um misto de esperteza, com insegurança disfarçada.
Quanto tempo sem ouvir você cantar as músicas que gosto inventando as partes que desconheces? Quanto tempo sem ouvir sua bronca educada porque não tem coragem de brigar comigo quando me olha nos olhos?
Dói demais partir, dói ainda mais saber que não sei quando irei voltar. Mas tenho certeza que volto para você, cedo ou tarde. Volto para voltar a te amar.
Nós, poesia com rima, brega, porque amor é brega, romantismo é brega, eu adoro ser brega por você e para você. Sabemos exatamente o que queremos, rimamos para que exista cumplicidade.
Voltemos para as nossas rotinas, vidas, linhas, uma redação com margem, tamanho e estilo redigidos por você. Um diário sem limites para mim.

Dói demais ter que caminhar sozinha um caminho que sei que foi escrito para que nós dois percorrêssemos juntos, dói demais não ter você para me puxar pela mão para que caminhemos no mesmo ritmo, compasso, tempo. Dói demais não ter você para me ensinar a tomar a melhor decisão. Dói demais te deixar para trás. No avião deixei que as lágrimas lavassem meu rosto, mas era tarde, tarde demais para chorar.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mê vê uma porção de batatas? E Outra de amor...

São duas da manhã, já tentei ler um livro chato para que o tédio e o cansaço cerrassem meus olhos, mas não tive sucesso. Já tentei agarrar Tobias bem forte, para enganar a solidão, mas bichos de pelúcia me causam tudo que termina com ite, rinite, conjuntivite alérgica, sinusite. Ainda mais com esse tempo, não sei quem anda mais confuso, São Pedro ou eu.
A cama estava fria, por mais que me embrulhasse em dez cobertores, ainda assim sentiria frio. Resisti ao máximo vir escrever, porque somente desta vez eu não queria dar motivo nenhum para brigas. Fui proibida de escrever, não diretamente, mas sei o quanto isso lhe incomoda. Estamos em pé de guerra. Todo dia um motivo novo velho, uma ligação não atendida, uma mensagem não respondida, ciúme dos nossos amigos. Estou cansada de brigar. Brigar só é bom quando se pode fazer as pazes fazendo amor, senão enche o saco, dá dor de cabeça, prisão de ventre, preguiça. Tem dias que acordo briguenta. Brigo com minha franja, com meu porteiro, com meu chefe, com você. Parece que levanto com intenção de ser insuportável e passo o dia inteiro cumprindo meu dever de casa.
Quando era criança lembro de irritar meu pai só para ter um minuto da atenção dele, mesmo que resultasse em um puxão de orelha, uma bronca. Tempos passaram e eu continuo irritantemente igual. A busca da atenção só para mim continua sendo meu foco. Foi por isso que entrei na dança, queria ser melhor que minhas amigas em algo, já que não me achava bonita.

Pelo menos quando estou dançando a atenção é quase toda minha, se eu realmente me esforçar e se assim quiser.
Minha cabeça anda doida, cada hora quero uma coisa nova, ando consumista e sempre falei mal do consumismo. Ando neurótica e sempre falei mal das minhas amigas que se desesperavam quando os garotos sumiam no dia seguinte. Ando me comportando mal. Sempre senti medo de dizer EU TE AMO. Quando menina sentia medo de dizer e não sentir de verdade, ter que voltar atrás era uma atitude muito humilhante para mim. Outras vezes falei porque senti medo de ser sincera, magoar, e até por pena. Respondia “também” sempre que as palavras eram faladas por alguém que eu não sentisse o mesmo. Com o tempo fui aprendendo que EU TE AMO não pode ser dito como quem escolhe uma refeição em um cardápio. Disse EU TE AMO algumas vezes, em outras respondi "obrigada". Amar não é fácil, depois que se diz essas palavras sua responsabilidade muda. A pessoa que você ama passa a ter mais valor que seu próprio amor próprio, mesmo que você não queira. EU TE AMO me consome, me escraviza, me sufoca. Sinto medo de não ouvir o recíproco, ou de pressionar para que seja dito sem que realmente sintam, sinto medo da pena que possam sentir de mim. EU TE AMO não é garantia de nada, meu pai traiu minha mãe dizendo qua a amava, e alguns dos meus namorados também. Quando o amor é falso, a mágoa é tão grande que você o trai amando justamente a falta dele.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ouvir a música sem ter o par para dançar, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem você, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que acalma minha busca. Aquele cheiro que dá vontade de trepar pro resto da vida. Preferia nunca ter ouvido EU TE AMO, a ter ouvido e duvidado.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Só de mim basta eu

Acordei extremamente egoísta, meio autista. Sem vontade de agradar quem quer que seja. Se só eu existisse no mundo, eu realmente me bastaria. Sei que muitas pessoas gostam de mim e adorariam minha companhia nesta noite. Algumas até me amam, eu só amo umas poucas e desculpe assumir, mas hoje, não preciso delas.
Hoje não estou com a mínima vontade de sentar e cruzar as pernas, pouco me interessa se tenho bons modos ou não. Pouco me importa se mulher deve sentar assim.
Caso você insista em ficar aí sem minha permissão vou avisando: Hoje não quero cruzar minhas pernas, quero falar alto, falar palavrão, dar gargalhadas e gesticular, porque não dou à mínima se as pessoas pensarem que sou escandalosa e do tipo de mulher que não serve para casar.
Hoje quero colocar meu pijama GG, ouvir Chet Baker, acreditando que ele toca “My Funny Valentine” só para mim.
Não quero atender telefonemas inconvenientes, odiarei responder mensagens do tipo “o que vai fazer hoje?”, mas caso aconteça tenho a resposta na ponta da língua: vou me amar.
Não quero secar os cabelos com secador azucrinando meus ouvidos, estou pouco me lixando se parecerei um dos integrantes do Jackson Five ao acordar amanhã.
Não quero ir onde minhas amigas querem que eu vá, não quero agir como minha família quer que eu aja, quero cortar meu cabelo mesmo que meu namorado desaprove por acreditar que não me cai bem. Quero fazer o contrário do que todos querem que eu faça, não que ache que eles não têm razão, mas porque hoje realmente não quero querer o que as outras pessoas querem. Minha simpatia broxou sem esperanças de viagra, estou chata e egoísta. Só consigo pensar em mim. Primeiro eu, segundo eu, na terceira chance quem sabe eu possa desistir de mim mesma, porque muitas vezes enjôo das coisas sem qualquer explicação.
Quero comer um pacote de batata frita só para provocar quem acha que eu devo voltar a correr para diminuir minhas coxas grossas. Não quero mais malhar duas horas por dia, não quero mais ser uma ótima dançarina, quero aprender violão porque todos acham que eu vou desistir.
Queria um tapete mágico, como do Aladim, seria perfeito. Fugir do trânsito, conhecer todos os lugares do mundo, sem pedágio, imposto, combustível, sem cobrança. Se eu tivesse um tapete do Aladim, com certeza sairia na véspera do feriado. Iria com meu pijama desbotado, meus cabelos secariam no vento. Entraria nas nuvens, veria de cima a cidade toda iluminada deitada sobre meu tapete. Feliz era o Aladim que tinha o tapete e ainda encontrou o gênio para solucionar seus problemas. Ainda bem que tenho a mim, Chet e batatas fritas.