São duas da manhã, já tentei ler um livro chato para que o tédio e o cansaço cerrassem meus olhos, mas não tive sucesso. Já tentei agarrar Tobias bem forte, para enganar a solidão, mas bichos de pelúcia me causam tudo que termina com ite, rinite, conjuntivite alérgica, sinusite. Ainda mais com esse tempo, não sei quem anda mais confuso, São Pedro ou eu.
A cama estava fria, por mais que me embrulhasse em dez cobertores, ainda assim sentiria frio. Resisti ao máximo vir escrever, porque somente desta vez eu não queria dar motivo nenhum para brigas. Fui proibida de escrever, não diretamente, mas sei o quanto isso lhe incomoda. Estamos em pé de guerra. Todo dia um motivo novo velho, uma ligação não atendida, uma mensagem não respondida, ciúme dos nossos amigos. Estou cansada de brigar. Brigar só é bom quando se pode fazer as pazes fazendo amor, senão enche o saco, dá dor de cabeça, prisão de ventre, preguiça. Tem dias que acordo briguenta. Brigo com minha franja, com meu porteiro, com meu chefe, com você. Parece que levanto com intenção de ser insuportável e passo o dia inteiro cumprindo meu dever de casa.
Quando era criança lembro de irritar meu pai só para ter um minuto da atenção dele, mesmo que resultasse em um puxão de orelha, uma bronca. Tempos passaram e eu continuo irritantemente igual. A busca da atenção só para mim continua sendo meu foco. Foi por isso que entrei na dança, queria ser melhor que minhas amigas em algo, já que não me achava bonita.
Pelo menos quando estou dançando a atenção é quase toda minha, se eu realmente me esforçar e se assim quiser.
Minha cabeça anda doida, cada hora quero uma coisa nova, ando consumista e sempre falei mal do consumismo. Ando neurótica e sempre falei mal das minhas amigas que se desesperavam quando os garotos sumiam no dia seguinte. Ando me comportando mal. Sempre senti medo de dizer EU TE AMO. Quando menina sentia medo de dizer e não sentir de verdade, ter que voltar atrás era uma atitude muito humilhante para mim. Outras vezes falei porque senti medo de ser sincera, magoar, e até por pena. Respondia “também” sempre que as palavras eram faladas por alguém que eu não sentisse o mesmo. Com o tempo fui aprendendo que EU TE AMO não pode ser dito como quem escolhe uma refeição em um cardápio. Disse EU TE AMO algumas vezes, em outras respondi "obrigada". Amar não é fácil, depois que se diz essas palavras sua responsabilidade muda. A pessoa que você ama passa a ter mais valor que seu próprio amor próprio, mesmo que você não queira. EU TE AMO me consome, me escraviza, me sufoca. Sinto medo de não ouvir o recíproco, ou de pressionar para que seja dito sem que realmente sintam, sinto medo da pena que possam sentir de mim. EU TE AMO não é garantia de nada, meu pai traiu minha mãe dizendo qua a amava, e alguns dos meus namorados também. Quando o amor é falso, a mágoa é tão grande que você o trai amando justamente a falta dele.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ouvir a música sem ter o par para dançar, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem você, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que acalma minha busca. Aquele cheiro que dá vontade de trepar pro resto da vida. Preferia nunca ter ouvido EU TE AMO, a ter ouvido e duvidado.
A cama estava fria, por mais que me embrulhasse em dez cobertores, ainda assim sentiria frio. Resisti ao máximo vir escrever, porque somente desta vez eu não queria dar motivo nenhum para brigas. Fui proibida de escrever, não diretamente, mas sei o quanto isso lhe incomoda. Estamos em pé de guerra. Todo dia um motivo novo velho, uma ligação não atendida, uma mensagem não respondida, ciúme dos nossos amigos. Estou cansada de brigar. Brigar só é bom quando se pode fazer as pazes fazendo amor, senão enche o saco, dá dor de cabeça, prisão de ventre, preguiça. Tem dias que acordo briguenta. Brigo com minha franja, com meu porteiro, com meu chefe, com você. Parece que levanto com intenção de ser insuportável e passo o dia inteiro cumprindo meu dever de casa.
Quando era criança lembro de irritar meu pai só para ter um minuto da atenção dele, mesmo que resultasse em um puxão de orelha, uma bronca. Tempos passaram e eu continuo irritantemente igual. A busca da atenção só para mim continua sendo meu foco. Foi por isso que entrei na dança, queria ser melhor que minhas amigas em algo, já que não me achava bonita.
Pelo menos quando estou dançando a atenção é quase toda minha, se eu realmente me esforçar e se assim quiser.
Minha cabeça anda doida, cada hora quero uma coisa nova, ando consumista e sempre falei mal do consumismo. Ando neurótica e sempre falei mal das minhas amigas que se desesperavam quando os garotos sumiam no dia seguinte. Ando me comportando mal. Sempre senti medo de dizer EU TE AMO. Quando menina sentia medo de dizer e não sentir de verdade, ter que voltar atrás era uma atitude muito humilhante para mim. Outras vezes falei porque senti medo de ser sincera, magoar, e até por pena. Respondia “também” sempre que as palavras eram faladas por alguém que eu não sentisse o mesmo. Com o tempo fui aprendendo que EU TE AMO não pode ser dito como quem escolhe uma refeição em um cardápio. Disse EU TE AMO algumas vezes, em outras respondi "obrigada". Amar não é fácil, depois que se diz essas palavras sua responsabilidade muda. A pessoa que você ama passa a ter mais valor que seu próprio amor próprio, mesmo que você não queira. EU TE AMO me consome, me escraviza, me sufoca. Sinto medo de não ouvir o recíproco, ou de pressionar para que seja dito sem que realmente sintam, sinto medo da pena que possam sentir de mim. EU TE AMO não é garantia de nada, meu pai traiu minha mãe dizendo qua a amava, e alguns dos meus namorados também. Quando o amor é falso, a mágoa é tão grande que você o trai amando justamente a falta dele.
Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ouvir a música sem ter o par para dançar, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem você, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que acalma minha busca. Aquele cheiro que dá vontade de trepar pro resto da vida. Preferia nunca ter ouvido EU TE AMO, a ter ouvido e duvidado.